A camponesa
Essa regressão foi de grande intensidade e grandes insights na vida de A.M, jovem engenheiro com os relacionamentos românticos muito mal resolvidos e vida extremamente focada no trabalho. Dizia que nunca havia dado valor aos seus relacionamentos e que sempre havia sido muito “individualista”, ou, como mesmo disse, egoísta. Na regressão ela se viu como uma mulher de uns 30 anos, vestida como algum tipo de camponesa, andando por uma cidade antiga. Era branca, de cabelos e olhos castanhos. Ao lhe perguntar como se sentia e o que estava fazendo ali, respondeu: “Estou feliz, mas preocupada, espero por um homem que chega logo depois, começamos a discutir. Ele me bateu e saiu do cômodo, mas me senti com muita raiva e vontade de matar. Fui atrás dele e o matei na sala com uma faca, tentei dissimular meu ato gritando com a mão na boca, mas os vizinhos chegaram e não acreditaram em mim, rasgam a minha roupa e me levam para a rua.
Depois disso fiquei na prisão, os dias se passam sentindo muito medo, mas não sinto remorso, só penso em fugir. Pouco tempo depois me levam para uma praça, me torturam em público, tem muitas pessoas, estou toda ferida. Tiram a minha roupa com uma faca, me cortando, setia dor e desespero, medo e revolta. Nada adiantou, o carrasco me estripou, abriu meu tórax, tiram todas as minhas tripas. Já me vejo fora do corpo, morri”. Decidi então descobrir o que tinha acontecido a ela no início de sua vida e ela contou: “Sou uma garotinha de oito anos, estou brincando, chega um homem que fala com minha mãe e depois me leva para trabalhar na casa dele. Sentia muita saudade e tristeza, mas não podia nem chorar se não aquele homem me batia. Fiquei vivendo com esse homem até completar 15 anos, nesta época conheci um rapaz e ele me convenceu a fugir, só que meu dono me perseguiu por vários dias, mas conseguimos fugir e chegar noutro lugar onde começamos a trabalhar.
Com 25 anos meu antigo “dono” me encontrou e me levou começando de novo a sofrer nas mãos dele, ele me batia mais e eu não podia fazer nada por que sou mulher, aí fiz o que aconteceu no início dessa vida, o matei. Depois que morri pude perceber que nunca fui capaz de perdoar minha família, que havia me vendido, transformei minha vida em rancor, não sei o que é perdão, me sinto pobre de sentimentos, como se estivesse escolhido os piores caminhos, do rancor e do ódio. Foi me dada uma oportunidade de crescer com o sofrimento, mais esse só aumentou meu rancor e me encheu de ódio, não aproveitei para evoluir, fiquei atrelada aos sentimentos terrenos, criei uma couraça ao redor de meu coração, e isto me diminuiu na vida, fiquei muito mesquinha. Essa reflexão já valeu minha existência. Decidi que tenho que modificar as coisas e penso no valor do perdão, que ele pode ser a diferença entre a felicidade e o sofrimento, estava dentro de mim a solução para fazer todo o resto da minha vida ser diferente”.