A vingança do guerreiro
S.R era médica e estava a um ano em terapia, muito estressada após um tratamento de meses para combater um câncer de mama dizia que além disso tinha muitos problemas na vida profissional. Desejava fazer muitas coisas ao mesmo tempo, era muito indecisa e insegura sobre que caminhos tomar nessa área, isso a forçava a ficar ausente de sua família e filhos lhe dando um sentimento de culpa enorme. Depois de quatro regressões ligadas a problemas familiares seu inconsciente nos presenteou com esta que lhes relato, de lições interessantes. Muito curioso foi que durante seu relato S.R mudou seu sotaque, passando a falar de forma truncada e com dificuldade como se realmente fosse uma pessoa inculta ou atrasada que nos relatava aqueles fatos, que transcrevo literalmente. Vamos a eles.
“Alguém me persegue, tão querendo me pegar..tão querendo me matar, eu sô índio, sô guerreiro e eles querem me pegar, são brancos, sinto muito medo e pavor — Falou ofegante — Eles atacaram onde eu morava, quero matar eles… sinto raiva, minha tribo foi destruída…eles mataram minha família. Mas não consegui fugir, eles me capturaram, me arrastaram até um acampamento, me senti mal, com raiva, raiva e medo; pensava tribo…tava toda destruída. Me amarraram, tava todo ferido, eles riam de mim, estava assustado, pensava em fugir, fiquei largado ali até meus companheiros me tirarem de lá, me levaram pro mato e cuidaram de mim.
Voltamos e matamos os homens brancos, me vinguei — Falou com satisfação — Fui guerreiro, cumpri meu dever, fiquei orgulhoso de ter me vingado, mas triste. Fomos nos juntando e reconstruímos nossa tribo; sentia muita raiva do homem branco, matava todos os que encontrava, era vingança, ‘homem branco mau, nóis estava lá sem fazer nada aí homem branco vem e mata’.
Pedi que S.R deixasse o tempo passar até quando aquele personagem se visse no fim da vida, para que déssemos um desfecho na história e ela finalizou: “ Com mais ou menos 60 anos, velho, doente e fraco, triste de ‘tar’ doente, pensava em morrer, queria morrer, já cumpri meu trabalho. Morri. Depois da morte meus antepassados vieram me buscar, senti felicidade e orgulho de encontra-los, eles estavam sorrindo, pensei em estar com eles. Havia cumprido meu dever, só me senti triste de ter perdido meus parentes e culpa de não ter defendido eles. Talvez fui incompetente e não cumprido meu dever. Decido ficar com eles e protege-los”.
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